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03/06/25Com a regulamentação da IA em construção no Brasil e no mundo, empresas precisam alinhar inovação à estratégia jurídica para mitigar riscos e garantir conformidade
A crescente adoção de sistemas de Inteligência Artificial (IA) por empresas de todos os portes e setores marca uma nova etapa da transformação digital. Se por um lado essas tecnologias ampliam a eficiência operacional, permitem novas formas de análise preditiva e potencializam a tomada de decisão, por outro, impõem desafios relevantes — e, muitas vezes, ainda pouco compreendidos — no campo regulatório.
A regulamentação da IA está em plena construção no Brasil e no mundo. As empresas que hoje incorporam algoritmos, ferramentas generativas e modelos automatizados em seus fluxos de trabalho precisam estar atentas aos riscos jurídicos associados a esse uso, que vão desde a responsabilização por decisões automatizadas até o cumprimento de obrigações legais relacionadas à transparência, à governança de dados e à proteção de direitos fundamentais.
Na prática, a Inteligência Artificial já é utilizada em diversas rotinas corporativas, como na triagem de informações, na revisão automatizada de contratos e documentos jurídicos, na geração de relatórios e no apoio a análises regulatórias. Essas aplicações otimizam tempo e reduzem erros, mas também exigem cuidado redobrado com a conformidade dos resultados, a integridade das informações processadas e a supervisão humana.
Cenário regulatório global e os reflexos no Brasil
Diante de uma economia cada vez mais interconectada e da expansão transnacional das tecnologias, a regulação da Inteligência Artificial passou a ser um tema central nas principais jurisdições do mundo.
Essa tecnologia traz um panorama global: na União Europeia, o AI Act, aprovado em 2024, tornou-se o primeiro marco legal relevante e abrangente sobre Inteligência Artificial no mundo. A norma adota uma abordagem baseada em risco, classificando os sistemas de IA conforme o potencial de impacto sobre os direitos e a segurança dos cidadãos. Soluções de alto risco, como aquelas voltadas a decisões sobre crédito, recrutamento ou serviços públicos, são submetidas a exigências rigorosas de governança, explicabilidade e mitigação de vieses.
Nos Estados Unidos, a regulação avança de forma mais setorial e descentralizada, com ênfase na aplicação da legislação já existente, como as regras de proteção ao consumidor e antidiscriminatórias, mas acompanhada de diretrizes técnicas e iniciativas da Federal Trade Commission (FTC) e do National Institute of Standards and Technology (NIST).
No Brasil, o debate regulatório se intensificou com o Projeto de Lei nº 2.338/2023, que também propõe uma abordagem baseada em risco e estabelece fundamentos como transparência, responsabilização e segurança. O texto ainda está em discussão, mas já sinaliza que o uso empresarial da IA será alvo de atenção regulatória, exigindo preparo e adequação das organizações.
Impactos jurídicos nos processos empresariais
À medida que a Inteligência Artificial se consolida como um diferencial competitivo no ambiente corporativo, sua adoção traz implicações que ultrapassam os limites da inovação tecnológica e alcançam diretamente os processos de gestão de risco e conformidade legal.
A incorporação de modelos automatizados em áreas como análise de dados, tomada de decisão, relacionamento com clientes e revisão de documentos impõe às empresas a necessidade de repensar estruturas internas, políticas de governança e contratos com terceiros. Isso porque os impactos jurídicos associados ao uso da IA não se limitam ao campo regulatório: eles impactam temas como responsabilidade civil, proteção de dados, compliance e direito concorrencial.
A atuação preventiva e estratégica da área jurídica são elementos centralizadores para garantir que o uso dessas tecnologias esteja alinhado às exigências legais e às boas práticas de mercado, reduzindo vulnerabilidades e fortalecendo a segurança operacional.
Dentre os principais riscos jurídicos, destacam-se:
Mais do que acompanhar as mudanças legais, o assessoramento jurídico deve antecipar riscos e orientar decisões com base em uma visão ampla que seja ao mesmo tempo técnica, setorial e internacional. Escritórios com atuação multidisciplinar e experiência transnacional, como o Nasser Advogados, têm papel importante na estruturação de políticas internas, revisão de contratos com fornecedores de tecnologia, adequação regulatória e defesa preventiva de interesses corporativos.
A era da Inteligência Artificial exige que o Direito se adapte em tempo real à inovação. E exige, das empresas, não apenas conformidade, mas estratégia. Aquelas que entenderem que tecnologia e regulação podem caminhar juntas estarão mais preparadas para crescer de forma segura e sustentável.
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